19 de setembro de 2023 18:42 Por Leandro Marinho
Conhecido
pelos juros elevados, o cartão de
crédito é usado por 39% dos donos de pequenos negócios como
modalidade de financiamento. O índice contrasta com a proporção de empresários
que apontam os empréstimos em bancos privados (7%) ou públicos (4%).
Os dados são
da 10ª edição da pesquisa “Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil”,
realizada pelo Sebrae. As informações sinalizam a dificuldade de acesso a
crédito junto ao sistema financeiro, levando os empreendedores a optar pelo cartão de
crédito como principal modalidade de financiamento usada.
Para o
presidente do Sebrae, Décio Lima, os dados comprovam que os pequenos negócios
continuam sofrendo com uma antiga e crônica dificuldade de acesso a empréstimos
junto aos atores do sistema financeiro. “O volume de burocracia, a exigência de
garantias e as altas taxas de juros funcionam como barreira que dificulta a
vida das micro e pequenas empresas. Por essas razões, os empreendedores acabam
buscando financiamento fora dos bancos e optando pelo cartão de crédito ou a
negociação de prazo com os fornecedores.
O acesso a
crédito no Brasil é ainda um dos grandes entraves que impedem o desenvolvimento
econômico e social do país de forma mais vigorosa e sustentável, tanto para as
empresas quanto para as famílias”, avalia Décio.
O presidente
do Sebrae ainda destaca que o alto uso do cartão de crédito pelos
empreendedores prova como seria danoso o fim do parcelamento sem juros para
esse segmento. “Entendemos que taxar o parcelamento no cartão de crédito pode
impedir o funcionamento de empresas e o consumo de famílias. Os pequenos
negócios podem ser os mais prejudicados com a taxação, além de ameaçar o poder
de compra do brasileiro”, enfatiza.
Após o cartão de crédito, a segunda
modalidade de financiamento mais usadas pelos empresários de pequeno porte são
pagamento de fornecedores a prazo (20%). Depois vêm cheque especial (7%),
dinheiro de amigos e parentes (7%), chegando a empréstimo em bancos privados
(7%) e empréstimo em bancos oficiais (4%).
A série histórica da pesquisa (iniciada em 2013)
mostra uma queda significativa na modalidade de pagamento de fornecedores
a prazo, que já foi a principal fonte de financiamento (67% dos empresários em
2015). Para o presidente do Sebrae, esse comportamento se deve ao enxugamento
da maioria das fontes e ao aumento da participação dos microempreendedores
individuais (MEI) no universo dos pequenos negócios no país.
Outro meio de
financiamento que caiu significativamente foi o cheque pré-datado, que era
citado por 46% dos empresários em 2015 e, na pesquisa deste ano, foi lembrado
por apenas 4% dos entrevistados, a menor marca da série histórica.
• 39% Cartão de crédito (empresarial ou pessoal)
• 20% Faz pagamento de fornecedores a prazo
• 7% Cheque especial
• 7% Dinheiro de amigos e parentes
• 7% Empréstimos em bancos privados
• 4% Empréstimos
em bancos oficiais
A pesquisa “O
Financiamento dos Pequenos Negócios no Brasil 2023” coletou 6.237 entrevistas
por telefone no período de 1 a 30 de junho de 2023. Foram ouvidos
microempreendedores individuais – MEI e donos de micro e pequenas empresas dos
setores de Comércio, Serviços e Indústria. A amostra é representativa do Brasil.